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quarta-feira, 14 de julho de 2010

POEMA

Exu para Jorge Amado

Por Mario Cravo – Salvador, 17 de maio de 1993

Não sou preto, branco ou vermelho

tenho as cores e formas que quiser.

Não sou diabo nem santo, sou Exu!

Mando e desmando,

traço e risco

faço e desfaço.

Estou e não vou

tiro e não dou.

Sou Exu.

Passo e cruzo

traço, misturo e arrasto o pé

sou reboliço e alegria

rodo, tiro e boto,

jogo e faço fé.

Sou nuvem, vento e poeira

quando quero, homem e mulher

sou das praias, e da maré.

Ocupo todos os cantos.

Sou menino, avô, maluco até

posso ser João, Maria ou José

sou o ponto do cruzamento.

Durmo acordado e ronco falando

corro, grito e pulo

faço filho assobiando

sou argamassa

de sonho carne e areia.

Sou a gente sem bandeira,

o espeto, meu bastão.

O assento? O vento!..

Sou do mundo,nem do campo

nem da cidade,

não tenho idade.

Recebo e respondo pelas pontas,

pelos chifres da nação

sou Exu.

Sou agito, vida, ação

sou os cornos da lua nova

a barriga da rua cheia!…

Quer mais? Não dou,

não tou mais aqui

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